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sábado, 28 de março de 2015

RENASCIMENTO DAS CIDADES


                           Principais mudanças sociais e econômicas  a partir do século XI





       O Renascimento do século XII consistiu num conjunto de transformações culturais, políticas, sociais, e econômicas ocorridas nos povos da Europa ocidental. Nessa época ocorreram eventos de grande repercussão: a renovação da vida urbana, após um longo período de vida rural, girando em torno dos castelos e mosteiros; o movimento das Cruzadas, a restauração do comércio, a emergência de um novo grupo social (os burgueses) e, sobre tudo, o renascimento cultural com um forte matiz científico-filosófico, que preparou o caminho para o renascimento italiano, eminentemente literário e artístico.

       Nos séculos XI e XII, começaram a ocorrer várias mudanças sociais, políticas e econômicas. Evoluções técnicas possibilitaram o cultivo de novas terras e aumentaram a diversidade dos produtos agrícolas, que sustentaram uma população que cresceu rapidamente. O crescimento populacional e o aumento da produtividade agrícola permitiram um fortalecimento da vida urbana. As cidades cresceram e tornaram-se centros de comércio e artesanato, abandonando a sua dependência agrária, em torno dos castelos e dos mosteiros. Muitas cidades européias, chamadas de burgos, acabaram por tornar-se livres das relações servis e do domínio dos nobres (senhores feudais) se transformando em ilhas de capitalismo em um continente feudal. O comércio estava em franca expansão e se impôs como uma das atividades econômicas mais determinantes da sociedade. Surgiu um novo grupo social: os burgueses (habitantes dos burgos), dedicados essencialmente ao comércio. Por motivos políticos, os "burgueses" recebiam Frequentemente o apoio dos reis, que muitas vezes estavam em conflito com os outros nobres senhores feudais. Na língua alemã, o ditado Stadtluft macht frei ("O ar da cidade liberta") ilustra este fenômeno.
       Com o restabelecimento do comércio com o Oriente Próximo e o desenvolvimento das cidades, começaram a ser minadas as bases da organização feudal. Na medida em que aumentou a demanda de produtos agrícolas para o abastecimento da população urbana, elevou-se o preço dessas mercadorias, permitindo aos camponeses maiores fundos para a compra de sua liberdade. Ao mesmo tempo, a expansão do comércio e da indústria criou novas oportunidades de trabalho, atraindo os servos para as cidades. Esses acontecimentos, aliados à formação dos exércitos profissionais e à insurreição camponesa, contribuíram depois para o declínio do feudalismo europeu, que viveu seu auge nesse período prévio ao renascimento.

O renascimento comercial

O renascimento comercial na Idade Média beneficiou principalmente as cidades italianas, alguns dos motivos foram:
Localização geográfica favorável (mar Mediterrâneo);
Fortalecimento das ligações comerciais com o Oriente, durante a Quarta Cruzada, onde se obteve o direito à distribuição de mercadorias orientais pelo continente europeu.
Na Europa Setentrional, o comércio ampliou-se na região dos mares Báltico e do Norte, destacando-se a região de Flandres, devido a sua produção de lã.
As regiões norte e sul da Europa foram interligadas por rotas terrestres e fluviais criadas pelas atividades comerciais. As feiras eram os locais de compra e venda de produtos dos negociantes. Até o século XIV, as feiras mais importantes eram na região de Champanhe, França.
Esse comércio possibilitou o retorno das transações financeiras, o reaparecimento da moeda, ou seja, deu vida às atividades bancárias. Com isso a terra deixava de ser a única fonte de riqueza e um novo grupo social surgiu, os mercadores ou comerciantes.
     As cidades assumiam papéis diversificados durante o passar dos tempos. Na época do feudalismo, as cidades serviam apenas como centros religiosos e militares além de serem ligadas ao feudo. O crescimento delas só começou a surgir quando o comércio se expandiu.
     Na época do feudalismo, o senhor feudal tinha controle tanto no campo como na cidade. Não havia distinção de cidade e campo. No começo a maioria das cidades eram cercadas por altas muralhas, fazendo assim um núcleo urbano, chamado burgo. Mas com o aumento da população os burgos ultrapassaram os limites das muralhas. Então os habitantes dos burgos passaram a ser os comerciantes e artesãos, também chamados de burgueses. Com o progresso do comércio e do artesanato, o crescimento social da burguesia também foi notado. Estes eram homens livres de laços com senhores feudais.
    Mas, a partir do século XI, quando as cidades começaram a crescer e os burgueses aparecerem, a situação mudou. Porque agora as cidades tinham ganho prestígio econômico e poder e os burgueses, começaram a buscar sua autonomia em relação ao feudo. Esse movimento de independência das cidades em relação ao feudo é chamado de movimento comunal.
    Esse movimento serviu de base para o processo de emancipação de algumas cidades. Poderia ocorrer por duas maneiras: ou era por via pacífica , pagando-se ao senhor feudal; ou pelo uso das armas, através de combate. Se fosse por este meio, havia a união de reis e burgueses, onde as tropas serviam de instrumento de intimidação para os nobres aceitarem a liberdade dos burgos. Esse movimento foi do século XI ao século XIII.



Fatores que contribuíram para o renascimento comercial
O esgotamento das terras: com o esgotamento de terras férteis, muitos camponeses se viram sem alternativa de trabalho ou emprego. Por isso o comércio foi uma opção achada por eles para a entrada nas atividades comerciais.
As Cruzadas: ajudaram a expandir as atividades comerciais, pelo menos por três motivos: os cruzados não eram os únicos a irem as expedições cruzadistas, os viajantes mercadores iam juntos, e assim serviam como abastecedores dos peregrinos com seus produtos.
O contato com o Oriente: esse contato fez nascer o gosto pelos artigos luxuosos, nos ocidentais, o qual fez ampliar largamente o consumo destes artigos na Europa.
O enriquecimento dos nobres: estes iam para as Cruzadas, aumentando a riqueza em circulação.

Renascimento urbano

      As cidades assumiam papéis diversificados durante o passar dos tempos. Na época do feudalismo, as cidades serviam apenas como centros religiosos e militares além de serem ligadas ao feudo. O crescimento delas só começou a surgir quando o comércio se expandiu.
      Na época do feudalismo, o senhor feudal tinha controle tanto no campo como na cidade. Não havia distinção de cidade e campo. No começo a maioria das cidades eram cercadas por altas muralhas, fazendo assim um núcleo urbano, chamado burgo. Mas com o aumento da população os burgos ultrapassaram os limites das muralhas. Então os habitantes dos burgos passaram a ser os comerciantes e artesãos, também chamados de burgueses. Com o progresso do comércio e do artesanato, o crescimento social da burguesia também foi notado. Estes eram homens livres de laços com senhores feudais.
     Mas, a partir do século XI, quando as cidades começaram a crescer e os burgueses aparecerem, a situação mudou. Porque agora as cidades tinham ganho prestígio econômico e poder e os burgueses, começaram a buscar sua autonomia em relação ao feudo. Esse movimento de independência das cidades em relação ao feudo é chamado de movimento comunal.
    Esse movimento serviu de base para o processo de emancipação de algumas cidades. Poderia ocorrer por duas maneiras: ou era por via pacífica , pagando-se ao senhor feudal; ou pelo uso das armas, através de combate. Se fosse por este meio, havia a união de reis e burgueses, onde as tropas serviam de instrumento de intimidação para os nobres aceitarem a liberdade dos burgos. Esse movimento foi do século XI ao século XIII.

    As cidades independentes (as comunas), começaram a planejar uma forma de governo - com direito a prefeitos e magistrados - que se encarregavam de administrar e defender tanto as cidades como seus interesses, os burgueses de maior riqueza e poder ocupavam os principais cargos, elaboravam leis, criavam tributos, controlavam os impostos para fazer e manter a construção de obras e claro tinham política própria.
    Com todos esses atrativos, as cidades passaram a ser um chamariz para os servos do campo se mudarem para a cidade. Elas passaram a ser encaradas como locais de segurança e liberdade para os que quisessem sair do poder do senhor feudal, embora se comprove que muitos dos camponeses que mudavam do campo para a cidade levavam uma vida difícil, visto que eram considerados trabalhadores desqualificados e ainda mal remunerados.

Renascimento cultural

Um forte movimento de tradução de textos gregos e árabes marca o fortalecimento da intelectualidade européia.
    O desenvolvimento de rotas entre os diversos povos reduziram as distâncias, facilitando não só o comércio de bens físicos, como também a troca de ideias entre os países. Nesse ambiente receptivo, começam a ser abertas novas escolas ao longo de todo o continente, inclusive em cidades e VILAS  menores.
    No campo intelectual, as mudanças são também fruto do contacto com o mundo oriental e árabe através das Cruzadas e do movimento de Reconquista da península Ibérica. Na altura, o mundo islâmico encontrava-se bastante avançado em termos intelectuais e científicos. Os autores árabes tinham mantido durante muito tempo um contacto regular com as obras clássicas gregas (Aristóteles, por exemplo), tendo feito um trabalho de tradução que se tornaria valioso para os povos ocidentais, já que por este meio voltaram a entrar em contacto com as suas raízes eruditas entretanto "esquecidas". De facto, seja em Espanha (Toledo), seja no sul de Itália, os tradutores europeus produziram um espólio considerável de traduções que permitiram avanços importantes em conhecimentos como a astronomia, a matemática, a biologia e a medicina, e que se tornariam o gérmen da evolução intelectual européia dos séculos seguintes.

      Por volta de 1150, são fundadas as primeiras universidades medievais –Bolonha (1088), Paris (1150) e Oxford (1167) — em 1500 já seriam mais de setenta. Esse foi efetivamente o ponto de partida para o modelo actual de universidade. Algumas dessas instituições recebiam da Igreja ou de reis o título de Studium Generale; e eram consideradas os locais de ensino mais prestigiados da Europa, seus acadêmicos eram encorajados a partilhar documentos e dar cursos em outros institutos por todo o continente.
    Tratando-se não apenas de instituições de ensino, as universidades medievais eram também locais de pesquisa e produção do saber, além de focos de vigorosos debates e muitas polêmicas. Isso também ficou claro nas crises em que estas instituições estiveram envolvidas e pelas intervenções que sofreram do poder real e eclesiástico. A filosofia natural estudada nas faculdades de Arte dessas instituições tratava do estudo objetivo da natureza e do universo físico. Esse era um campo independente e separado da teologia; entendido como uma área de estudo essencial em si mesma, bem como um fundamento para a obtenção de outros saberes.
     Outro fator importante para o florescimento intelectual do período foi a atividade cultural das novas ordens mendicantes: especialmente os dominicanos e os franciscanos. Ao contrário de ordens monásticas, voltadas para a vida contemplativa nos mosteiros, essas novas ordens eram dedicadas à convivência no mundo leigo e procuravam defender a fé cristã pela pregação e pelo uso da razão. A integração dessas ordens nas universidades medievais proporcionava a infra-estrutura necessária para a existência de comunidades científicas e iria gerar muitos frutos para o estudo da natureza, especialmente com a famosa escola Franciscana de Oxford.
     O influxo de textos gregos, as ordens mendicantes e a multiplicação das universidades iriam agir conjuntamente nesse novo mundo que se alimentava do turbilhão das cidades em crescimento. Em 1200 já havia traduções latinas razoavelmente precisas dos principais trabalhos dos autores antigos mais cruciais para a filosofia: Aristóteles, Platão, Euclides, Ptolomeu,Arquimedes e Galeno. Nessa altura a filosofia natural (e.g. ciência) contida nesses textos começou a ser trabalhada e desenvolvida por intelectuais notáveis do escolasticismo. Alguns dos nomes mais importantes do período são: Robert Grosseteste, Roger Bacon, Alberto Magno, Tomás de Aquino, Duns Scot, William de Ockham, Jean Buridan e Nicole d'Oresme. Eles geraram novas tendências para uma abordagem mais concreta e empírica da natureza, representando um prelúdio do pensamento moderno.

Tecnologia

     O mesmo ciclo de prosperidade que impulsionou a produção cultural traz também grande impacto na área da técnica. O renascimento do século XII e o período que se segue a ele também já foi chamado de a Revolução Industrial da Idade Média, pelo aumento radical no número de invenções e importação de tecnologias.
     Ocorreram muitas inovações na forma de utilizar os meios tradicionais de produção. No setor agrícola, por exemplo, foi essencial a redescoberta de ferramentas como a charrua, o peitoral, o uso de ferraduras, e a utilização de moinhos d'água. Na arquitetura, surgiram o estilo gótico, que foi possibilitado por diversos avanços nas técnicas que foram aplicadas à construção das catedrais. Presenciaram-se descobertas como as dos óculos no século XIII, da prensa móvel no século XV, o aperfeiçoamento da tecnologia da pólvora (descoberta na China) e a invenção dos relógios mecânicos, que se espalharam nos ambientes urbanos e transformaram a noção de tempo daquelas sociedades. Muito importantes foram também avanços em instrumentos como a bússola e o astrolábio, que, somados às mudanças na confecção de mapas e à invenção das caravelas, tornaram possível a expansão marítimo-comercial européia do início da Idade Moderna.

Filosofia do contratualismo

                          FILOSOFIA DO CONTRATUALISMO




      Contrato social (ou contratualismo) indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formarem Estados e/ou manterem a ordem social. Essa noção de contrato traz implícito que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou outra autoridade a fim de obter as vantagens da ordem social. Nesse prisma, o contrato social seria um acordo entre os membros da sociedade, pelo qual reconhecem a autoridade, igualmente sobre todos, de um conjunto de regras, de um regime político ou de um governante.
      O ponto inicial da maior parte dessas teorias é o exame da condição humana na ausência de qualquer ordem social estruturada, normalmente chamada de "estado de natureza". Nesse estado, as ações dos indivíduos estariam limitadas apenas por seu poder e sua consciência. Desse ponto em comum, os proponentes das teorias do contrato social tentam explicar, cada um a seu modo, como foi do interesse racional do indivíduo abdicar da liberdade que possuiria no estado de natureza para obter os benefícios da ordem política.
     As teorias sobre o contrato social se difundiram entre os séculos XVI e XVIII1 como forma de explicar ou postular a origem legítima dos governos e, portanto, das obrigações políticas dos governados ou súditos. Thomas Hobbes (1651), John Locke(1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762) são os mais famosos filósofos do contratualismo.



Thomas Hobbes e o 'Leviatã' (1675)



       O primeiro filósofo moderno que articulou uma teoria contratualista detalhada foi Thomas Hobbes (1588-1679). Na obra Leviatã, explicou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de governos e sociedades.
      O argumento básico de Hobbes era que, no estado natural, ainda que alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe possa fazer mal. Por isso, nesse estado de natureza, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes).
      No entanto, os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com o estado de guerra, e por isso formam sociedades entrando num contrato social. De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que um poder absoluto e centralizado possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano deveria ser o Estado, uma autoridade inquestionável,representado pela figura do Leviatã.




John Locke e o Segundo tratado sobre o governo civil (1682)




       O modelo de Locke é, em sua estrutura, semelhante ao de Hobbes, entretanto, os dois autores tiram conclusões completamente diferentes no que concerne ao modo como nos submetemos a esse Estado Civil, nossa função nele e como se dá o estabelecimento do contrato. Ambos iniciam seu pensamento focando num estado de natureza, que, através do contrato social, vai se tornar o estado civil. É grande a diferença entre Hobbes e Locke no modo como esses três componentes são entendidos. Para Locke, o estado de natureza não foi um período histórico, mas é uma situação que pode existir independentemente do tempo. O estado de natureza se dá quando uma comunidade encontra-se sem uma autoridade superior ou relação de submissão. Logo o Estado, para Locke, tem uma função muito diferente daquele que é idealizado por Hobbes. Enquanto este verifica no Estado o único ente capaz de coibir a natureza humana e dar coesão ao Estado sob a égide da figura absoluta, o Estado lockeano é apenas o guardião que apenas centraliza as funções administrativas.
       O contrato social, para Locke, surge de duas características fundamentais: a confiança e o consentimento. Para Locke, os indivíduos de uma comunidade política consentem a uma administração com a função de centralizar o poder público. Uma vez que esse consentimento é dado, cabe ao governante retribuir essa delegação de poderes dada agindo de forma a garantir os direitos individuais, assegurar segurança jurídica, assegurar o direito à propriedade privada ( vale ressaltar que para Locke, a propriedade privada não é só, de fato, terra ou imóveis, mas tudo que é produzido com o seu trabalho e esforço, ou do que é produzido pelas suas posses nesta mesma relação ) a esse indivíduo, sendo efetivado para aprofundar ainda mais os direitos naturais, dados por Deus, que o indivíduo já possuía no estado natural.
       É nessa relação que vemos uma das principais diferenças no contrato social apresentado por Hobbes e Locke. Diferente do estado absoluto de Hobbes, que deve ter em seu governante a absoluta confiança e não questioná-lo jamais, para Locke essa relação funciona de maneira distinta. Uma vez que a relação estado-indivíduo é baseada em uma relação de consentimento e confiança, é totalmente possível que, se o governante quebrar a confiança, agindo por má-fé ou não garantindo os direitos individuais, a segurança jurídica e a propriedade privada, ou, ainda, não garantindo os direitos naturais, que uma vez dados por Deus seria impossível alguém cerceá-los, o povo se revolte e o destitua do cargo. É um pensamento inédito, já que na filosofia política corrente à época jamais se poderia questionar o poder do governante, uma vez que teria sido dado por Deus. É na justificativa de que, uma vez que o governante não respeite os direitos naturais dados por Deus, era dever do povo questionar o poder e rebelar-se.
       Passada a fase de estabelecimento do contrato, o estado civil deve ser marcado pela distinção entre executivo e legislativo, com predomínio do segundo e com a garantia que os direitos naturais seriam preservados.



Rousseau e O Contrato Social (1712)




      No início, Jean-Jacques Rousseau questiona porque o homem vive em sociedade e porque se priva de sua liberdade. Vê num rei e seu povo o senhor e seu escravo, pois o interesse de um só homem será sempre o interesse privado. Os homens, para se conservarem, se agregam e formam um conjunto de forças com objetivo único.
No contrato social, os bens são protegidos e a pessoa, unindo-se às outras, obedece a si mesma, conservando a liberdade. O pacto social pode ser definido quando "cada um de nós coloca sua pessoa e sua potência sob a direção suprema da vontade geral". Rousseau diz que a liberdade é inerente à lei livremente aceita. "Seguir o impulso de alguém é escravidão, mas obedecer uma lei auto-imposta é liberdade". Considera a liberdade um direito e um dever ao mesmo tempo. A liberdade lhes pertence e renunciar a ela é renunciar à própria qualidade de homem.
     O "Contrato social", ao considerar que todos os homens nascem livres e iguais, encara o Estado como objeto de um contrato no qual os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, mas ao contrário, entram em acordo para a proteção desses direitos, onde o Estado é criado para preservar. O Estado é a unidade e, como tal, representa a vontade geral, que não é o mesmo que a vontade de todos. A vontade geral é um mero agregado de vontades, o desejo mútuo da maioria.
     Quando o povo institui uma lei de alcance geral, forma-se uma relação. A matéria e a vontade que fazem o estatuto são gerais, e a isso Rousseau chama lei. A República é todo estado regido por leis. Mesmo a monarquia pode ser uma república. O povo submetido às leis deve ser o autor delas. Mas o povo não sabe criar leis, é preciso um legislador. Rousseau admite que é uma tarefa difícil encontrar um bom legislador. Um legislador deve fazer as leis de acordo com a vontade do povo.
     Rousseau reforça o contrato social através de sanções rigorosas que acreditava serem necessárias para a manutenção da estabilidade política do Estado por ele preconizado. Propõe a introdução de uma espécie de religião civil, ou profissão de fé cívica, a ser obedecida pelos cidadãos que, depois de aceitarem-na, deveriam segui-la sob pena de morte. Mas Rousseau também ficava em dúvida sobre até que ponto a pena de morte seria válida, pois como era possível o homem saber se um criminoso não podia se regenerar já que o estado sempre demonstrava fraqueza em alguns momentos. "Não existe malvado que não possa servir de coisa alguma" pág:46
     Os governantes, ou magistrados, não devem ser numerosos para não se enfraquecer sua função, pois quanto mais atuam sobre si mesmos, menos dedicam-se ao todo. Na pessoa do magisteio há três vontades diferentes: a do indivíduo, a vontade comum dos magistrados e a vontade do povo, que é a principal.
     Rousseau conclui seu "Contrato social" com um capítulo sobre religião. Para começar, Rousseau é claramente hostil à religião como tal, mas tem sérias restrições contra pelo menos três tipos de religião. Rousseau distingue a "religião do homem" que pode ser hierarquizada ou individual, e a "religião do cidadão". A religião do homem hierarquizada é organizada e multinacional. Não é incentivadora do patriotismo, mas compete com o estado pela lealdade dos cidadãos. Este é o caso do Catolicismo, para Rousseau.
      Do ponto de vista do estado, a religião nacional ou religião civil é a preferível. Ele diz que "ela reúne adoração divina a um amor da Lei, e que, em fazendo a pátria o objeto da adoração do cidadão, ela ensina que o serviço do estado é o serviço do Deus tutelar". O Estado não deveria estabelecer uma religião, mas deveria usar a lei para banir qualquer religião que seja socialmente prejudicial. Para que fosse legal, uma religião teria que limitar-se a ensinar. "A existência de uma divindade onipotente, inteligente, benevolente que prevê e provê; uma vida após a morte; a felicidade do justo; a punição dos pecadores; a sacralidade do contrato social e da lei". O fato de que o estado possa banir a religião considerada social deriva do princípio da supremacia da vontade geral (que existe antes da fundação do Estado) à vontade da maioria (que se manifesta depois de constituído o Estado), ou seja, se todos querem o bem estar social, e se uma maioria deseja uma religião que vai contra essa primeira vontade, essa maioria terá que ser reprimida pelo governo.

terça-feira, 24 de março de 2015

O Estado

                                                                        O ESTADO




       Estado (do latim status,us: modo de estar, situação, condição), segundo o Dicionário Houaiss, data do século XIII e designa "conjunto das instituições (governo, forças armadas, funcionalismo público etc.) que controlam e administram uma nação"; "país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado".

       Para Kant, o Estado tanto é designado por coisa pública (res publica), quando tem por liame o interesse que todos têm em viver no estado jurídico, como porpotentia, quando se pensa em relação com outros povos, ou por gens, por causa da união que se pretende hereditária. Entende o Estado como comunidade, soberania e nação, se utilizadas categorias de hoje, dado que o Estado é ao mesmo tempo Estado-comunidade, ou república, Estado-aparelho, ou principado, e comunidade de gerações, ou nação.

     Segundo o jurista italiano Norberto Bobbio, a palavra foi utilizada pela primeira vez, com o seu sentido contemporâneo, no livro Arte da Guerra, pelo general estrategista Sun Tzu e posteriormente no livro denominado O Príncipe, do diplomata e militar Nicolau Maquiavel.

     É organizado politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território definido e onde normalmente a lei máxima é uma constituição escrita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo, um território".

     O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima (coerção, especialmente a legal). Segundo a divisão setorial sociológica mais comum, considera-se o Estado oPrimeiro Setor, ficando o Mercado e as Entidades da Sociedade Civil respectivamente como Segundo e Terceiro Setor.
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     Normalmente, grafa-se o vocábulo com letra maiúscula, a fim de diferenciá-lo de seus homônimos. Há, entretanto, uma corrente de filólogos que defende sua escrita com minúscula, como em cidadania ou civil. Não com o objetivo de ferir a definição tradicional de Estado, mas a fim de equiparar a grafia a outros termos não menos importantes.

     O reconhecimento da independência de um Estado em relação aos outros, permitindo ao primeiro firmar acordos internacionais, é uma condição fundamental para estabelecimento da soberania. O Estado pode também ser definido em termos de condições internas, especificamente (conforme descreveu Max Weber, entre outros) no que diz respeito à instituição do monopólio do uso da violência.

     O conceito parece ter origem nas antigas cidades-estados que se desenvolveram na antiguidade, em várias regiões do mundo, como a Suméria, a América Central e no Extremo Oriente. Em muitos casos, estas cidades-estados foram a certa altura da história colocadas sob a tutela do governo de um reino ou império, seja por interesses econômicos mútuos, seja por dominação pela força. O Estado como unidade política básica no mundo tem, em parte, vindo a evoluir no sentido de um supranacionalismo, na forma de organizações regionais, como é o caso da União Européia.

      Os agrupamentos sucessivos e cada vez maiores de seres humanos procedem de tal forma a chegarem à ideia de Estado, cujas bases foram determinadas na história mundial com a Ordem de Wetsfalia (Paz de Vestfália), em 1648. A instituição estatal, que possui uma base de prescrições jurídicas e sociais a serem seguidas, evidencia-se como "casa forte" das leis que devem regimentar e regulamentar a vida em sociedade.

      Desse modo, o Estado representa a forma máxima de organização humana, somente transcendendo a ele a concepção de Comunidade Internacional.

Sócrates

                                                                    SÓCRATES



        Sócrates (em grego: Σωκράτης, AFI: [sɔːkrátɛːs], transl. Sōkrátēs; Atenas, c.469 a.C. - Atenas, 399 a.C.)1 foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como as peças teatrais de seu contemporâneo Aristófanes. Muitos defendem que os diálogos de Platão seriam o relato mais abrangente de Sócrates a ter perdurado da Antiguidade aos dias de hoje.

        Através de sua representação nos diálogos de seu estudante ou professor, Sócrates tornou-se renomado por sua contribuição no campo da ética, e é este Sócrates platônico que legou seu nome a conceitos como a ironia socrática e o método socrático (elenchus). Este permanece até hoje a ser uma ferramenta comumente utilizada numa ampla gama de discussões, e consiste de um tipo peculiar de pedagogia no qual uma série de questões são feitas, não apenas para obter respostas específicas, mas para encorajar também uma compreensão clara e fundamental do assunto sendo discutido. Foi o Sócrates de Platão que fez contribuições importantes e duradouras aos campos da epistemologia e lógica, e a influência de suas ideias e de seu método continuam a ser importantes alicerces para boa parte dos filósofos ocidentais que se seguiram a ele.

       Nas palavras do filósofo britânico Martin Cohen, Platão, o idealista, oferece "um ídolo, a figura de um mestre, para a filosofia. Um santo, um profeta do 'Deus-Sol', um professor condenado por seus ensinamentos como herege.
      Detalhes sobre a vida de Sócrates derivam de três fontes contemporâneas: os diálogos de Platão, as peças de Aristófanes e os diálogos de Xenofonte. Não há evidência de que Sócrates tenha ele mesmo publicado alguma obra. Alguns autores defendem que ele não deixou nada escrito pois, além de na sua época a transmissão do saber ser feita, essencialmente, pela via oral, Sócrates assumia-se como alguém que sabe que nada sabe. Assim, para ele, a escrita fecharia o conhecimento, deixando-o de forma acabada, amarrando o seu autor ao estrito contexto de afirmações inamovíveis: se essas afirmações contemplam o erro, a escrita não só o perpetua como garante a sua transmissão.4
As obras de Aristófanes retratam Sócrates como um personagem cômico e sua representação não deve ser levada ao pé da letra.5

Vida

      Nascido nas planícies do monte Licabeto, próximo a Atenas, Sócrates vinha de família humilde.6 Era filho de Sophroniscus,7 - motivo pelo qual ele era chamado em sua juventude de Sokrates ios Sōfronískos (Sócrates, o filho de Sophroniscus) - um escultor, especialista em entalhar colunas nos templos, e Fainarete, uma parteira (ambos eram parentes de Aristides, o Justo).

     Durante sua infância, ajudou seu pai no ofício de escultor. Porém, muitas vezes seus amigos zombavam da sua incapacidade de trabalhar o mármore. Mesmo quando aparecia uma oportunidade de ajudar o seu pai, sempre acabava atrapalhando.8 Seu destino foi apontado, pelo próprio Oráculo de Delfos, como um grande educador[carece de fontes], mas foi somente por influência da sua mãe que ele pôde descobrir sua verdadeira vocação.
     Sócrates foi casado com Xântipe, que era bem mais jovem que ele, e teve um filho,Lamprocles9 . Há relatos de que o casal possivelmente teve mais dois filhos, Sophroniscus e Menexenus;[carece de fontes]. Porém, segundo Aristóteles, citado porDiógenes Laércio, Sophroniscus e Menexenus eram filhos da segunda esposa de Sócrates, Myrto, filha de Aristides, o Justo.9 Sátiro e Jerônimo de Rodes, também citados por Diógenes Laércio, dizem que, pela falta de homens em Atenas, foi permitido a um ateniense casado ter filhos com outra mulher, e que Sócrates teria tido Xântipe eMyrto ao mesmo tempo.

     Seu amigo Críton criticou-o por ter abandonado seus filhos quando se recusou a tentar fugir para evitar sua execução. Este fato mostra que ele (assim como outros discípulos) não teria entendido a mensagem que Sócrates passa sobre a morte (diálogo Fédon).
     Sócrates costumava caminhar descalço e não tinha o hábito de tomar banho. Em certas ocasiões, parava o que quer que estivesse fazendo, ficava imóvel por horas, meditando sobre algum problema. Certa vez o fez descalço sobre a neve, segundo os escritos de Platão, o que demonstra seu caráter lendário. 11
Cláudio Eliano lista Sócrates como um dos grandes homens que gostavam de brincar com crianças: uma vez, Alcibíades surpreendeu Sócrates brincando com seu filho Lamprocles12 .


Vocação


         Conta-se que um dia Sócrates foi levado junto à sua mãe para ajudar em um parto complicado. Vendo sua mãe realizar o trabalho, Sócrates logo “filosofou”: Minha mãe não irá criar o bebê, apenas ajudá-lo-á a nascer e tentará diminuir a dor do parto. Ao mesmo tempo, se ela não tirar o bebê, logo ele irá morrer, e igualmente a mãe morrerá!
         Sócrates concluiu então que, de certa forma, ele também era um parteiro. O conhecimento está dentro das pessoas (que são capazes de aprender por si mesmas). Porém, eu posso ajudar no nascimento deste conhecimento. Concluiu ele. Por isso, até hoje os ensinamentos de Sócrates são conhecidos por maiêutica (que significa parteira em grego). 13
         Assim, logo sua vocação falou mais alto e ele partiu para aprender filosofia, onde foi discípulo dos filósofos Anaxágoras e Arquelau. Seu talento logo chamou a atenção. Tanto que foi chamado pela Pítia (sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos, Antiga Grécia) de o mais sábio de todos os homens!.7


Trabalho

      Não se sabe ao certo qual o trabalho de Sócrates, se é que ele teve outro além da Filosofia. De acordo com algumas fontes, Sócrates aprendeu a profissão de oleiro com seu pai. Na obra de Xenofonte, Sócrates aparece declarando que se dedicava àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais importante: maiêutica, o parto das idéias.                                                                               A maiêutica socrática funcionava a partir de dois momentos essenciais: um primeiro em que Sócrates levava os seus interlocutores a pôr em causa as suas próprias concepções e teorias acerca de algum assunto; e um segundo momento em que conduzia os interlocutores a uma nova perspectiva acerca do tema em abordagem. Daí que a maiêutica consistisse num autêntico parto de ideias, pois, mediante o questionamento dos seus interlocutores, Sócrates levava-os a colocar em causa os seus "preconceitos" acerca de determinado assunto, conduzindo-os a novas ideias acerca do tema em discussão, reconhecendo assim a sua ignorância e gerando novas ideias, mais próximas da verdade.

        Sócrates defendia que deve-se sempre dar mais ênfase à procura do que não se sabe, do que transmitir o que se julga saber, privilegiando a investigação permanente.
       Sócrates tinha o hábito de debater e dialogar com as pessoas de sua cidade. Ao contrário de seus predecessores, ele não fundou uma escola, preferindo também realizar seu trabalho em locais públicos (principalmente nas praças públicas e ginásios), agindo de forma descontraída e descompromissada, dialogando com todas as pessoas, o que fascinava jovens, mulheres e políticos de sua época.

       Platão afirma que Sócrates não recebia pagamento por suas aulas. Sua pobreza era prova de que não era um sofista.
Várias fontes, inclusive os diálogos de Platão, mencionam que Sócrates tinha servido ao exército em várias batalhas. Na Apologia, Sócrates compara seu período no serviço militar a seus problemas no tribunal, e diz que qualquer pessoa no júri que imagine que ele deveria se retirar da filosofia deveria também imaginar que os soldados devessem bater em retirada quando era provável que pudessem morrer em uma batalha. Estrabão conta que, após uma derrota ateniense em que Sócrates e Xenofonte haviam perdido seus cavalos, Sócrates encontrou Xenofonte caído no chão, e carregou-o por vários estádios, até que a batalha terminou.

Do julgamento à morte

"Eu predigo-vos portanto, a vós juízes, que me fazeis morrer, que tereis de sofrer, logo após a minha morte, um castigo muito mais penoso, por Zeus, que aquele que me infligis matando-me. Acabais de condenar-me na esperança de ficardes livres de dar contas da vossas vida; ora é exatamente o contrário que vos acontecerá, asseguro-vos (...) Pois se vós pensardes que matando as pessoas, impedireis que vos reprovem por viverem mal, estais em erro. Esta forma de se desembaraçarem daqueles que criticam não é nem muito eficaz nem muito honrosa."

       O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão (Apologia e Críton). Sócrates admitiu que poderia ter evitado sua condenação a morte, bebendo antes o veneno chamado cicuta, se tivesse desistido da vida justa. Mesmo depois de sua condenação, ele poderia ter evitado sua morte se tivesse escapado com a ajuda de amigos.
      Platão considerou que Sócrates foi condenado por questões evidentemente políticas. Por seu lado, Xenofonte atribuiu a acusação a Sócrates a um fato de ordem pessoal, pelo desejo de vingança. O propósito não era a morte de Sócrates mas sim afastá-lo de Atenas e se isso não ocorreu deveu-se à teimosia de Sócrates.17

Julgamento

     Tão logo as ideias de Sócrates foram se espalhando pela cidade, ele ganhava mais e mais discípulos.
     Assim, pensavam eles: Como um homem poderia ensinar de graça e pregar que não se precisavam de professores como eles?. E mais: Eles não concordavam com os pensamentos de Sócrates, que dizia que para se acreditar em algo, era preciso verificar se aquilo realmente era verdade.
      Logo Sócrates começou a fazer vários inimigos, assim causando uma grande intriga. Mas eis que a guerra do Peloponeso estourou, todos os homens entre 15 e 45 anos de idade foram enviados para lutar. Sócrates, pela sua habilidade de fazer as pessoas o seguirem, foi escolhido então como um dos generais.
      Ao final da guerra, com a intenção de salvar os poucos soldados que estavam vivos, Sócrates ordena que todos voltem rapidamente para Atenas, mas deixassem os mortos no campo de batalha - contrariando uma lei que obrigava o general a enterrar todos os seus soldados mortos, ou morrer tentando. Assim, ao chegar, ele é preso.

      Usando toda a sua capacidade de persuasão, Sócrates consegue convencer a todos de que era melhor deixar alguns mortos do que morrerem todos, uma vez que se todos morressem, ninguém poderia enterrá-los. Desta forma ele consegue a liberdade.
Ficou livre por mais 30 anos, quando foi preso novamente, acusado de 3 crimes:

1- Não acreditar nos costumes e nos deuses gregos;

2- Unir-se a deuses malignos que gostam de destruir as cidades;

3- Corromper jovens com suas ideias;

Os acusadores foram: Ânito, Meleto e Lícon.

Pré-Socráticos

                                                                  Pré Socráticos



       Filósofos pré-socráticos é o nome pelo qual são conhecidos os filósofos da Grécia Antiga que, como sugere o nome, antecederam a Sócrates. Essa divisão propriamente, se dá mais devido ao objeto de sua filosofia, em relação à novidade introduzida por Platão, do que à cronologia - visto que, temporalmente, alguns dos ditos pré-socráticos são contemporâneos a Sócrates, ou mesmo posteriores a ele (como no caso de alguns sofistas).

       Primeiramente, os pré-socráticos, também chamados naturalistas ou filósofos da physis(natureza - entendendo-se este termo não em seu sentido corriqueiro, mas como realidade primeira, originária e fundamental¹, ou o que é primário,fundamental e persistente, em oposição ao que é secundário, derivado e transitório²), tinham como escopo especulativo o problema cosmológico, ou cosmo-ontológico, e buscavam o princípio (ou arché) das coisas.

       Posteriormente, com a questão do princípio fundamental único entrando em crise, surge a sofística, e o foco muda do cosmo para o homem e o problema moral.
Os principais filósofos pré-socráticos (e suas escolas) foram:


Escola Jônica:
        Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso;

        Escola Itálica:
       Pitágoras de Samos, Filolau de Crotona e Árquitas de Tarento;

Escola Eleática:
        Xenófanes, Parmênides de Eleia, Zenão de Eleia e Melisso de Samos.

Escola da Pluralidade:
        Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazômena, Leucipo de Abdera e Demócrito de                   Abdera.

Escola eclética: Diógenes de Apolônia, Arquelau de Atenas.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Psicologia das massas

                               Análise da obra Psicologia das massas (Sigmund Freud).




        Criação de massas:


        Por definição “massas”, poderia ser um aglomerado de pessoas reunido em prol de uma causa ou não.


       E dependendo da causa de sua reunião e a extensão de seus atos, daria o inicio a um movimento social, a exemplo: o movimento feminista, movimento ecológico, movimento dos sem terras, movimentos raciais e tantos outros...

       Porem Freud em sua obra começa a analisar o individuo não mais no seu espaço singular, mas agora seu comportamento inserido em uma massa.

       E inspirado nas ideias e nos escritos de Le Bom, que afirma:

      “O que há de mais singular numa massa psicológica é o seguinte: Quaisquer que sejam os indivíduos que a compõem, por mais semelhantes ou dessemelhantes que sejam seus modos de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência , a mera circunstancia de sua transformação numa massa lhes confere uma alma coletiva, graças a qual sentem, pensam e agem de modo inteiramente diferente do que cada um deles sentiria, pensaria e agiria isoladamente.”

         Na massa, o individuo é colocado em uma condição em que ele esta livre de qualquer recalcamento, ocasionando uma perda parcial ou total de “consciência moral”, fazendo com que o individuo volte aos seus instintos mais primitivos, segundo Le Bom, citado por Freud diz:

 ” Que o individuo inserido na massa pelo mero fato da quantidade, adquire um sentimento de poder invencível, que lhe permite entregar-se a instintos.”

     
        Próximo estágio do individuo na massa é o de contágio e o de sugestionabilidade, parece bem evidente que todo sujeito inserido em uma massa, ou seja, na multidão todo ato, todo sentimento é contagioso, e isso em grau tão elevado, que o individuo facilmente sacrifica seus interesses pessoais pelos interesses coletivo da massa.

         A massa é extraordinariamente influenciável e crédula, e desprovida de critica, para ela o improvável não existe, os sentimentos das massas são sempre muito simples e muito exagerados. Assim a massa não conhece nem a incerteza nem a dúvida.



Duas massas artificiais a igreja e o exército:


         Existem vários tipos de massas, com orientações e significações diferentes entre si, existem formação de massas muito fugazes e formação de massas duradouras, constituídas por indivíduos semelhantes, bastante homogêneas, massas naturais e massas artificiais, que para sua coesão requer uma coação externa. Também existe uma distinção entre massas com líder e massas sem líder.

         A igreja e o exército configuram o exemplo de massas artificiais, duradouras e altamente organizadas que empregam uma força externa para manter a coesão do grupo a qualquer custo.
         Geralmente estas massas não permitem nenhuma espécie de mudança em sua estrutura, pois entende que tal mudança poderia gerar certa desagregação das pessoas, para tanto elas seguem uma serie de normas e condutas, muitas vezes ocasionando certo julgo sobre seus seguidores, que na sua maioria não lhe é perguntado se gostaria de participar ou não.

         Por mais diferente que ambas possam ser a igreja e o exército, porem ambas funcionam a partir da mesma ideia estrutural, na igreja a ideia de chefe ou líder se da na pessoa de Cristo, que representa um irmão mais velho onde todos o respeitam e o obedecem, fazendo isto estão obedecendo ao pai, que ama a todos de igual modo, gerando um sentimento de pertencimento do individuo a grande família, que é a igreja, onde todos são irmãos e todos são amados pelo pai.

        No exército acontece da mesma forma, porem com uma estrutura interna mais hierarquizada onde todo soldado quer agradar seu general, mas o general não está sempre presente, portanto agradando o seu capitão é equivalente a agradar o general, agradar o tenente, o sargento e assim sucessivamente na cadeia de comando representa a mesma coisa que estar agradando o seu general.





Resumo e adaptação de trechos da obra “A psicologia das massas de Sigmund Freud”, por Cristiano Kaller.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Origem histórica do Carnaval

                                                           A Origem do Carnaval




          A origem do carnaval é desconhecida. Há os que atribuem a origem dessa festa aos cultos agrários realizados pelos povos primitivos a dez mil anos antes de Cristo. Quando esses povos com cânticos e danças celebravam as boas colheitas. Outros atribuem às festas em homenagem à deusa Ísis e ao Boi Ápis, no Egito antigo, ou ainda na Grécia e Roma antiga.
Na Grécia, o Carnaval foi oficializado, no século VII a.C., nas festas de culto a Dionísio, deus do vinho e dos prazeres da carne, em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção.  Essas festas incluíam orgias sexuais e bebidas.

          Na Roma antiga, as festas eram em honra ao deus, Saturno (as sartunálias), deus da agricultura e ao deus Baco (bacanais ou dionisíacas), chamado de Dionísio pelos gregos.
No século IV, com o advento do cristianismo, a Igreja tentou combater várias tradições pagãs, mas com o tempo foi forçada a consentir com essas práticas e, em 590, o Papa Gregório I, oficializou o carnaval no calendário eclesiástico. Em 1545, durante o Concílio de Trento, o carnaval passou a ser reconhecido como uma festa popular.

          Embora não haja certeza quanto à origem da palavra “carnaval”, sabe-se que surgiu entre os séculos XI e XII, e deriva do latim carnelevamen (tirar a carne), depois modificada para carne vale (adeus carne). Está ligada à tradição cristã, de não comer carne no período que precede a Quaresma (Paixão de Cristo). Nesse período todos os cristãos deveriam abster-se de carne por quarenta dias, da quarta-feira de cinza até as vésperas da páscoa, jejuar e fazer penitências. Portanto, o carnaval significava a possibilidade de fugir desses rigores, festejando em liberdade.


Carnaval no Mundo


         O carnaval é festejado em várias partes do mundo, em datas que variam de acordo com as tradições nacionais e locais, e sofreu mudanças ao longo do tempo. Na Europa, os mais famosos são: o carnaval da Itália, comemorado com bailes e desfiles de máscaras nas ruas, sendo o mais tradicional o carnaval de Veneza. Na Inglaterra o Carnaval de Notting Hill é a maior festa de Rua da Europa e disputa o posto de segundo Carnaval do mundo.

         Na América, temos o maior Carnaval do Caribe, em Port of Spain, Trinidad e Tobago que é uma mistura da festa tradicional dos colonizadores franceses com a cultura dos escravos africanos. Ritmos caribenhos, como o calipso, predominam. E o carnaval de Nova Orleans, EUA, festeja-se o carnaval principalmente de 6 de janeiro à terça-feira gorda (mardi gras em francês, idioma dos primeiros colonizadores de Nova Orleans, na Louisiana), com seus carros alegóricos e mulheres com seios expostos, é considerado o segundo maior Carnaval do mundo.


Carnaval no Brasil


         O carnaval brasileiro tem sua origem no entrudo português, que chegou ao Brasil no século XVII e se espalhou pelo país. O entrudo acontecia num período anterior à quaresma; uma brincadeira grosseira que consistia em lançar, água, farinha, pó de cal (que podia até cegar as pessoas atingidas), limões-de-cheiro (feitos ambos de cera), vinagre, vinho e outros líquidos sobre os outros foliões.

        No Brasil, o primeiro carnaval surgiu em 1641, no Rio de Janeiro promovido pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV, restaurador do trono português. Com o tempo o carnaval brasileiro, foi incorporando elementos dos carnavais que aconteciam na Europa, personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo e os bailes de máscaras.

         Em 1846, no Rio de Janeiro; surge a figura do Zé-Pereira, um sapateiro português, chamado José Nogueira de Azevedo Paredes, que introduziu o hábito de animar a folia ao som de zabumbas e tambores, em passeatas pelas ruas, como se fazia em sua terra. Mais tarde foram introduzidos o pandeiro, o tamborim, o reco-reco, a cuíca, o triângulo e as frigideiras.

        No final do século XIX, surgem os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os corsos, que tornaram-se bem populares no começo do século XX. Nos corsos, os foliões fantasiados, desfilavam pelas ruas das cidades em seus carros decorados, promoviam batalhas de confete e serpentina e lança-perfumes, e as mulheres dançavam sobre os automóveis conversíveis da época. Os corsos deram origem aos carros alegóricos.

       No século XX, o carnaval foi ganhando importância e se tornando mais animado com as marchinhas de carnaval. A primeira música composta especialmente para o carnaval foi à marcha rancho Ó Abre Alas de Chiquinha Gonzaga em 1899.

         As escolas de samba nasceram das rodas de samba das camadas pobres do Rio de Janeiro, formados em sua maioria por negros entre as décadas de 1920 e 1930.

       A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada em 1928, pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A Estação Primeira de Mangueira surgiu em 1929. A partir dai o carnaval de rua foi evoluindo e ganhando novo formato. Novas escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para escolher as melhores. Em 1932, o jornal Mundo Esportivo, promoveu o primeiro concurso de escolas de samba, que desfilaram na famosa Praça Onze.

          A partir da década de 1960 os desfiles das escolas de samba tornaram-se o centro das atenções do carnaval brasileiro, o samba e a marcha, foram trocados pelo samba-enredo.

           O carnaval pernambucano, especialmente em Olinda e Recife, é um dos mais animados carnavais de rua do país. Ao som do frevo, do maracatu, as agremiações de caboclinhos, e os clubes de frevo arrastam multidões. Os conjuntos de frevo mais animados são: Os Vassourinhas, Toureiros, Lenhadores e outros. Os desfiles de bonecos gigantes, em Recife, são uma das principais atrações assim como o bloco carnavalesco Galo da Madrugada.

 Em Salvador. Ao som do trio elétrico com cantores famosos, surgidos na década de 1970, arrastam multidões de foliões. Destacam-se também os blocos afros como o Olodum e o Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.

          Na Bahia, é comemorado também na quinta-feira da terceira semana da Quaresma, mudando de nome para Micareta. Esta festa deu origem a várias outras em estados do Nordeste, o chamado "carnaval fora de época" como o Fortal, em Fortaleza; o Carnatal em Natal; a Micaroa em João Pessoa; o Recifolia, em Recife; o Micaru, em Caruaru e outros mais.

  Comemorado de diversas maneiras em todo o Brasil, o carnaval representa importante atração turística.


Como é calculado o dia do carnaval?


           Esse cálculo foi estipulado para que não houvesse coincidência com o dia da Páscoa Católica e para que essa ela não ocorresse no mesmo dia da Páscoa Judaica. Assim, ela começa com o equinócio de primavera, no hemisfério norte, a partir dele é preciso saber em qual dia será a primeira lua cheia, pois a páscoa é comemorada exatamente no domingo depois dessa lua. Ou seja, sabe-se que a terça-feira de carnaval é aquela que antecede a Páscoa em 47 dias.






Simone Kaller

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Bruxas! O que são


                                                        Bruxas! O Que são?




         Uma bruxa é geralmente retratada no imaginário popular como uma mulher velha e encarquilhada, exímia e contumaz manipuladora de Magia Negra e dotada de uma gargalhada terrível. É inegável a conexão entre esta visão e a visão da Hag ou Crone dos anglófonos. É também muito popularizada a imagem da bruxa como a de uma mulher sentada sobre uma vassoura voadora, ou com a mesma passada por entre as pernas, andando aos saltitos. Alguns autores utilizam o termo, contudo, para designar as mulheres sábias detentoras de conhecimentos sobre a natureza e, possivelmente, magia.

Alguns Fatos

       Algumas bruxas históricas adquiriram alguma notoriedade, como é o caso chamado Bruxas de Salem, a Bruxa de Evóra e Dame Alice Kytler (bruxa inglesa). São também bastante populares na literatura de ficção, como nos livros da popular série Harry Potter, nos livros de Marion Zimmer Bradley (autora de As Brumas de Avalon, que versam sobre uma vasta comunidade de bruxos e bruxas cuja maioria prefere evitar a magia negra, ou a trilogia sobre as bruxas Mayfair, de Anne Rice.
O Que Faziam
       As bruxas foram implacavelmente caçadas durante a inquisição na Idade Média. Um dos métodos usados pelos inquisidores para identificar uma bruxa nos julgamentos do Santo Ofício consistia na comparação do peso da ré com o peso de uma Bíblia gigante. Aquelas que fossem mais leves eram consideradas bruxas, pois dizia-se que as bruxas adquiriam uma leveza sobrenatural. Frequentemente as bruxas são associadas a gatos pretos, que dentre as Bruxas Tradicionais são os chamados Puckerel, muitas vezes tidos como espíritos guardiões da Arte das Bruxas, que habitam o corpo de um animal. Estes costumam ser designados na literatura como Familiares.

Mitos e Lendas

       Diziam que as bruxas voavam em vassouras a noite e principalmente em noites de lua cheia, que faziam feitiços e transformavam as pessoas em animais e que eram más.
Hoje em dia essas antigas superstições como a da bruxa velha da vassoura na lua cheia já foram suavizadas, devido à maior tolerância entre religiões, sincretismo religioso e divulgação do paganismo. Gerald Gardner tem destaque nesse cenário como o pai da Religião Wicca- A Religião da Moderna Bruxaria Pagã, formada por pessoas que são Bruxos/as, mas que utilizam a “Arte dos Sábios” ou a “Antiga Religião” mesclada a práticas e conhecimentos de outras tradições. A classificação de magia como negra e branca não existe para os bruxos, pois se fundamentam nos conceitos de bem e mal, que não fazem parte de suas crenças, por isso, como costumam dizer, toda magia é cinza.

A Verdadeira História

        A Arte das Bruxas como era feita antes é chamada de Bruxaria Tradicional, ainda remanescendo até os dias atuais em grupos seletos, via de regra ocultos. Hoje também pode-se encontrar uma vasta quantidade de livros e sites que explicam a “Antiga Religião” mas geralmente se tratam de Wicca, pois os membros de grupos de Bruxaria Tradicional costumam preferir o ostracismo, revelando-se publicamente apenas em ocasiões especiais ou para que novos candidatos os localizem.

       Em algumas regiões do Brasil o termo também pode ser usado para designar uma mariposa (traça em Portugal) grande e de coloração escura. Talvez por associar-se a imagem da borboleta a uma imagem humanóide feminina como as fadas e, assim, remeter a imagem da mariposa à de uma senhora de idade avançada, de vestes escuras e de hábitos noturnos – a bruxa.


Simone Kaller

Ilíada de Homero

                                                                         Ilíada



        História, Homero, personagens principais, temática, mitologia grega. A Ilíada é um poema épico cuja autoria é atribuída a Homero, poeta grego, do século VIII a.C. Nesta obra, o autor descreve a Guerra de Troia (entre gregos e troianos) em vinte cantos. Na Ilíada, Homero conta o penúltimo ano desta guerra, que durou dez anos.


        O nome do homem deriva do grego Ilion que significa Troia. Após sequestrarem a princesa grega Helena, os troianos são atacados pelos gregos. Após anos de batalha, os gregos conseguem vencer, após presentearem os troianos com um gigante cavalo de madeira (Cavalo de Troia). Dentro do cavalo havia centenas de soldados gregos que, de madrugada, saíram da barriga do cavalo e atacaram a cidade inimiga. Porém, vale lembrar que o episódio do cavalo de Troia não aparece nos cantos da Ilíada, mas apenas na Odisséia (outro poema de Homero), quando o herói Ulisses apresenta lembranças desta guerra.


       Esta obra é uma das mais importantes da antiguidade. Não retrata fielmente a guerra, pois foi escrita quatro séculos após o fato, mas é um ótimo relato histórico sobre a cultura, o comportamento e a vida cotidiana dos gregos antigos.Aquiles, Heitor, Ulisses e Agamenon são os principais personagens deste poema.


     Homero utilizou a cultura oral (histórias que o povo contava) para escrever esta obra.

     Principais personagens lendários que aparecem na Ilíada:

- Helena: esposa de Menelau foi sequestrada por Paris, um dos filhos do rei de Troia.
- Paris: filho do rei Príamo de Troia
- Menelau: rei lendário grego (esposo de Helena).
- Eneias: um dos mais importantes chefes militares de Troia.
- Aquiles: herói grego e principal guerreiro que participou da Guerra de Troia.
- Ulisses: herói lendário da mitologia grega.


Curiosidades:

-     Na Ilíada aparecem vários deuses e deusas gregas que atuam e interferem nas batalhas e outros eventos da Guerra de Troia. Enquanto uns ficam do lado dos aqueus (gregos), outros apoiam os troianos. Entre estes deuses e deusas, podemos citar: Hera (deusa do casamento e dos partos), Apolo (deus da beleza e perfeição), Atena (deusa da guerra e da sabedoria), Hefesto (deus da tecnologia, dos metais e do fogo) e Afrodite (deusa do amor e da beleza).

-    Além da Ilíada, é atribuída a Homero a obra Odisséia, onde é retratado o retorno dos gregos de Troia para a Grécia. Eles passam por diversas aventuras, enfrentando ciclopes, sereias e outros personagens da mitologia grega.




Simone Kaller

Mitologia grega




                                         Mitologia Grega – Cérbero o guardião do Hades.



Cérbero, (em grego, Κέρβερος – Kerberos ) Era o cão mitológico que guardava a entrada do Hades, após a travessia do terrível rio Stix. Estava lá para evitar que vivos adentrassem o mundo dos mortos, e se mesmo assim o fizessem impedi-los de sair a não ser que o próprio Hades permitisse. No entanto a mitologia esta cheio de histórias de heróis que realizaram tal feito.

SURGIMENTO


Cérbero era filho de Tifão e Équidna. Irmão de Ortro, Hidra de Lema, Quimera, Fix e Leão da Neméia.

FIGURA MITOLOGIA E CULTO

Mitologicamente Cérbero representa o guardião do submundo de Hades. (Alguns o chamam de cão do inferno, mas isto seria uma tradução incorreta, pois o Hades, não é a versão grega do inferno cristão). Mas sim ele era o guardião do submundo. Sua principal função era evitar que os vivos adentrassem o Hades. Ou Ainda que aqueles que lá estivessem não pudessem deixá-lo.

Para muitos mitólogos, Cérbero era a personificação do medo da morte. Temor este que a própria pessoa deveria vencer por si própria.

Existem alguns heróis que ousaram passar por Cérberos e adentrar o Hades. Dentre eles Herácles (Hércules, em romano) e Orfeu que adormeceu o cão utilizando a melodia de sua lira.


REPRESENTAÇÃO


Era descrito como sendo um cão de três cabeças, com serpentes cobrindo todo o dorso e pescoço e cauda de dragão. Também seria dotado de um latido de bronze. (O que poderíamos entender como um som grave ou forte, que assustaria aqueles que se atrevessem a passar por Cérbero.)
Hesíodo, o descreve em sua Teogonia, como tendo não somente três, mas sim cinquenta cabeças. Outros autores chegam a lhe atribuir cerca de cem cabeças. O mito pode variar de acordo com a época.


" Depois pariu o incombatível e não nomeável Cérbero carnívoro, cão de brônzea voz do Hades, de cinquenta cabeças, impudente e cruel. "


- Teogonia, A Origem dos Deuses - Hesíodo. -



Simone Kaller

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Monstros e monstruosidades na natureza humana

                                Monstros e Monstruosidades na natureza humana





       Estudo investiga relação entre as monstruosidades presentes na literatura e a natureza humana.

       Em 1831, quando Mary Shelley publicou a versão revisada de Frankenstein, ou o moderno Prometeu, talvez não tenha imaginado que a saga do seu personagem – um monstro construído artificialmente em laboratório – perduraria por tantos anos. Entretanto, quase dois séculos depois, ele permanece conhecido e se imortalizou como figura presente em filmes, desenhos animados e outras obras de ficção.

       Mas, afinal, o que tem esta criatura de especial? O que faz com que, ainda hoje, ele pareça tão atual? De acordo com os estudos desenvolvidos por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Letras (Fale) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o fascínio – e ao mesmo tempo aversão – que este e outros monstros fictícios exercem sobre as pessoas é justificável: eles são a própria representação dos medos e perigos presentes na experiência humana.

      Os trabalhos do grupo apontam que, ao corporificarem receios e horrores, os seres monstruosos ajudam a entender e organizar o caos da natureza e da humanidade. Modernamente, Frankenstein, por exemplo, pertenceria a uma linhagem de criaturas que explicitam, entre outras coisas, o mal-estar humano diante do desenvolvimento da ciência e do progresso tecnológico.

     O projeto da Fale teve início com uma pesquisa que o professor Julio Jeha desenvolvia sobre o mal na experiência humana e suas formas de representação na literatura, que originou o grupo Crimes, pecados e monstruosidades: o mal na literatura”. “Partimos do princípio de que o monstro é usado como artifício para representar o mal, tendo em vista a dificuldade que existe em falar sobre este tema”, conta.

     Segundo o professor, o conceito de mal é relativo em cada cultura, cada época, cada grupo de interesses. Da mesma forma, o “monstro” adquire formas diferentes – sexo, raça – dependendo das características do povo em questão. “Praticamente todas as culturas têm uma ideia de mal, mas ela varia de um povo para outro, então, trabalhamos com as suas formas de representação”, reafirma.

Do monstro à monstruosidade

       Julio Jera (2007) explica que, sendo o monstro uma metáfora do mal, o trabalho leva em consideração não mais as criaturas em si, mas suas monstruosidades. “Falamos daqueles atos monstruosos que as pessoas cometem. “Todos os grandes ditadores, como Stalin, Hitler, tinham algo de bom, mas cometeram atrocidades, atos de crueldade que foram além do que se esperava de um ser humano”, avalia. Ele destaca que o cerne da questão é a capacidade do homem de exceder o limite da maldade, e que a literatura é um bom campo para analisar isso.

       Frankenstein foi apenas um exemplo utilizado no trabalho. Enquanto a maioria das pessoas vê a criatura como uma metáfora contra a ciência ou sobre o “cientista maluco”, o professor pensa o contrário. “Procuro mostrar que Shelley fala é contra a falta de responsabilidade em qualquer ato e não contra a ciência, trata-se de uma metáfora contra o obscurantismo, além de ser também uma representação do remorso da autora com relação a atos da sua vida pessoal”, contesta.

      Segundo ele, o monstro é um vazio que se pode preencher com vários medos, acusações, castigos. Ele pode ser uma criatura, uma pessoa ou mesmo um lugar. A professora Mariângela Paraizo, uma das estudiosas, por exemplo, trabalha a ideia das cidades como sereias, relacionando-as também às sirenes, em uma metáfora da atração que os centros urbanos representam e da forma como eles “engolem” as pessoas, que quando ali chegam ouvem, em vez de canto, a sirene da polícia, da ambulância.

      Os extraterrestres – marcianos – também são lembrados nas pesquisas do grupo, como alusão, principalmente no período da guerra fria, ao ser humano desconhecido do outro. “Trabalhamos coisas bem díspares, para cobrir um escopo mais amplo. No romance de Cornélio Penna, “A menina morta”, focamos a mãe monstruosa, que deixa a filha morrer ou, por outro lado, gera uma filha monstruosa”, exemplifica.

Nascimento de um monstro

       A forma como um monstro surge em determinada cultura pode estar relacionada a aspectos diversos. Uma das abordagens trabalhadas pelos pesquisadores é a da utilização dessas criaturas como forma de obter a coesão do grupo. “Toda comunidade precisa ter união interna para agir contra um inimigo externo. Uma das maneiras mais fáceis de conseguir isso é usar a imagem do monstro”, explica Julio. Transformando o inimigo em monstro, é possível unir todos contra ele.

      O monstro pode ser resultado, ainda, de uma falha no conhecimento humano – tanto no sentido científico, quanto moral e social. Ou seja, aquilo que o homem não conhece ainda, tende a ver como monstruoso. Da mesma forma, a partir do momento em que se torna natural, passa a fazer parte da realidade das pessoas e deixa de ser monstro. “Aristóteles já dizia que encontrar uma galinha de duas cabeças é um prodígio, mas se existir outra igual, mais outra e um galo de duas cabeças e eles se reproduzirem, isso deixa de ser anormal e nasce uma nova raça que vai ser incorporada ao nosso conceito de real”, lembra Julio Jeha.

      Outra situação passível de ocorrer é o estado, a organização política, ficar tão grande que se transforme em um monstro. “Ele não dá espaço para o indivíduo respirar, a pessoa se perde, é massacrada”, explica. Em todos os casos, o professor destaca que o monstro é sempre caracterizado pela ideia de excesso, irreal e de anormal.

Evolução

     Julio Jeha reitera que, desde as primeiras figuras, dos relatos iniciais da atividade humana, sempre houve a ideia do monstro, tratado como o desconhecido, o inimigo, aquilo que é mau para o indivíduo. Esse conceito vem evoluindo, com o desenvolvimento de cada cultura. Para os romanos, ele era uma advertência dos deuses, uma forma de castigo, caso os homens se portassem de forma a quebrar o pacto estabelecido com as divindades. Também na mitologia grega, os monstros são punições enviadas pelos deuses.

     Já na Idade Média, os pecados capitais vão corporificar os monstros. Eles são alegorias religiosas: o vício, a gula, a ira são apontados como seres monstruosos. A seguir, com a chegada da Idade Moderna e das grandes descobertas, surgem dois novos propósitos. Um deles era ser o guardião de uma fronteira ou de algo valioso – sinalizar ali a existência do monstro inibia o acesso de outros. Outro seria explicar algo desconhecido.

     E hoje, a ideia do monstro perde sua faceta sobrenatural, para ser tratada como uma ocorrência médica. Na medicina, por exemplo, surge a teratologia, ligada ao estudo das monstruosidades. “As anomalias genéticas entram em cena e isso deixa de ser sobrenatural para ser científico”, conta Julio. “É claro que o monstro sobrenatural sempre vai existir na literatura de horror, mas vamos ter também o monstro moral, em personagens que se imortalizam, como Hannibal Lecter, de “Silêncio dos inocentes”, entre outros”.

Simone Kaller Flôr

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Thule sociedade secreta

                                                 Sociedade secreta Thule


        A Sociedade Thule – em alemão “Thule Gesellschaft” – ainda provoca enormes debates; uma vez porque ela, necessariamente, não seria um dos tentáculos no Nazismo, outras porque ela cresceu enormemente depois da ascensão de Hitler ao poder, sendo absorvida pelo regime totalitário. A Thule entrou para o rol das teorias conspiratórias a partir das suas estranhas práticas e funestos desejos de perfeição e ordenamento social, voltando-se para os povos germânicos pagãos. Por sua historiografia ser bastante extensa, cada historiador pensa de um modo a forma como a Sociedade Thule se insere no contexto do fazer histórico.


        Originalmente, a sociedade se chamava “Grupo de estudos para a Antiguidade alemã” – em alemão “Studiengruppe für germanisches Altertum” –, sendo um grupo secreto ocultista e “völkisch” fundado em Munique, cujo nome era uma referência ao país místico da mitologia grega. Vale ressaltar que quando dissemos que a Thule era “völkisch”, não estamos dizendo que ela fosse popular e atingisse todas as camadas da sociedade, mas sim que desejava transformar essas camadas para um modo diferente, “perfeito”, “digno da nação alemã”.

Contexto histórico...
      Desde a Idade Média, a região onde hoje se localizam a Alemanha, Áustria, República Checa e parte da Polônia era habitada por povos germânicos variados, que tinham enorme preconceito contra judeus, ciganos e eslavos. Portanto, desde o medievo a sociedade alemã – mesmo que não como nação unificada – achava-se amargamente prejudicada por essas etnias habitarem seus campos e produzirem em suas terras.

     Martinho Lutero, grande figura da Reforma Protestante no século 16, é um dos que mais pregava essa defesa da terra alemã para os alemães – agora, para ele, alemães protestantes – e chegou a publicar um livro intitulado “Sobre os judeus e suas mentiras”. No século 19, com o Positivismo Lógico e o Racionalismo Científico, surgiram sociedades que queriam, a todo custo, provar cientificamente a superioridade germânica frente às outras nações – principalmente porque a Prússia era uma das grandes potências da Europa desde o século 18, evidenciando o que acreditavam ser um possível sinal divino de superioridade.

      Portanto, podemos afirmar com toda certeza que a semente racista e xenofóbica do Nazismo é muito mais antiga do que poderíamos supor, sendo fruto da soberba germânica e prussiana frente às outras nações europeias, que desde o século 19 já falavam em “espaço vital para desenvolvimento”. Em seus escritos de 1900, por exemplo, Freud, médico judeu fundador da psicanálise, já citava que era prejudicado profissionalmente por o que ele chama de “questões sectárias”, ou seja, algum tipo de preconceito arraigado na sociedade austríaca que via desde o medievo o judeu e o cigano como possíveis ameaças, tentando remontar àquela sociedade germânica pré-cristã.



Voltando à Sociedade Thule...

       A sociedade foi notável principalmente na organização que patrocinou o Deutsche Arbeiterpartei (DAP), que posteriormente foi transformado por Adolf Hitler no Partido Nazista conforme o conhecemos. No entanto, não há nenhuma evidência direta de que Hitler tenha frequentado a Sociedade de Thule, mas existem referências da participação indireta dele tanto na Thule como na Vrill, esta última uma sociedade com objetivos parecidos à primeira.

      Alguns historiadores consideram como um fato consumado a participação direta de Hitler na Thule se tivermos atenção a uma leitura de documentos no Acervo Público de Berlim, que dizem, por exemplo: “Em Berlim, Haushoffer fundou a chamada Loja Luminosa, ou Sociedade Vrill. Seu objetivo era explorar as origens da raça ariana e realizar exercícios de concentração para ‘despertar as forças Vrill’ entre os adeptos. (...) A Loja incluía como membros Hitler, Aalfred, Rosemberg, Himmler, Göring e o médico pessoal de Hitler, Dr. Morell. Sabe-se, também, que Aleister Crowley e Gurdjieff buscaram contato direto com Hitler. (...) Temos certeza de que Hitler tinha contato direto com as técnicas psicológicas de Gurdjieff, que, por sua vez, foram baseadas nas técnicas dos sufis e nos tibetanos, misturando-as com técnicas da filosofia Zen”.


      Entre os historiadores e biógrafos há um desencontro de informações. Uns dizem que o Führer só usou e manipulou a Sociedade Thule para atingir os seus objetivos xenofóbicos e preconceituosos. Outros autores apontam que Hitler não só participou, como também chegou a ser grão-mestre na Thule, tendo participação extremamente ativa na sociedade secreta. Em um post anterior debatemos sobre o chamado “misticismo nazi”, que explanou um pouco de cada aspecto místico do Partido Nazista, que fazia com que ele se aproximasse da religião.

Contexto histórico da fundação e ação da Sociedade Thule...

      A Sociedade Thule foi fundada no dia 17 de agosto de 1918 por Rudolf von Sebottendorff , na cidade de Munique. O nome “Thule” é derivado de uma ilha mística da mitologia germânica e em pouco tempo começou a ganhar adeptos ao divulgar propaganda antirrepublicana e antissemita. De acordo com alguns historiadores e antropólogos, é possível identificarmos algumas causas para o sucesso da sociedade, dentre alguns:

(a) Fundada em 1918, ano do fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha saíra do conflito com uma dívida exorbitante, perdera territórios, o desemprego e a miséria batiam à porta das famílias e o Tratado de Versalhes impunha ao país vergonhosas exigências;
(b) Habitava no âmbito social germânico de que a Primeira Guerra fora perdida graças à “traição dos judeus, comunistas e republicanos”, que gostariam de mais uma vez dividir a “grande Alemanha” em pequenos países frágeis, que se tornariam Estados-fantoches;
(c) Desejo de uma parte da sociedade em voltar ao paganismo germânico e viking, revivendo os antigos cultos antes da cristianização do Norte da Europa, por volta do século 13, quando as práticas foram proibidas e muito da cultura e folclores germânicos e escandinavos foram perdidos com o tempo;
(d) Diante destes aspectos, era necessária a figura de um homem que poderia apagar este amargo passado da história alemã, revivendo o período de glória da Prússia, ao mesmo tempo que voltava a evocar uma “verdadeira cultura germânica”, distante da cultura ocidental, que é judaico-cristã e grecorromana. Seria ele o “Übbermensch”, ou “Super-homem” que transformaria a moral alemã em pouco tempo – e desse discurso que Hitler se aproveitara imensamente para proclamar-se este ser.


       Nos anos 30, período de seu auge, os membros da Thule diziam que ela existia há mais de 1.200 anos e que desde a sua fundação teve como objetivo a promoção das antigas tradições religiosas europeias, tais como o druidismo, a bruxaria, o wotanismo, o woragsmo, a asatru e a vanatru.

      Os membros da Sociedade Thule tiveram enorme importância para a transformação do Partido Alemão dos Trabalhadores em Partido Nazista. Teve membros dos escalões de topo do partido, incluindo Rudolf Hess e Alfred Rosenberg. O órgão de imprensa de propaganda da sociedade era o “Münchener Beobachter” (ou “Observador de Munique”), que mais tarde ganharia mais força transformando-se no “Völkischer Beobachter” (ou “Observador do Povo”), um dos jornais oficiais do Partido Nazista.

       Nos anos 30, a sociedade teve força gigantesca e se espalhou por todo continente europeu junto com as células nazistas, chegando a cruzar o oceano, formando grupos nos Estados Unidos, Argentina e Brasil. No nosso país as reuniões eram comuns no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, onde oficialmente atuou até 1969.


       Apesar da enorme força que despertava na sociedade européia anticomunista e anti-semita, Hitler temeu que a Thule fosse controlar o que somente ele gostaria de obter comando: a Alemanha. Com isso, quando proibiu as reuniões de sociedades secretas temendo a trama de um golpe de estado contra si, a Sociedade Thule não ficou imune e também passou à clandestinidade na Alemanha, mesmo pregando o mesmo “evangelho” que Adolf Hitler.

      Atualmente, a Thule está de volta em várias partes do mundo como grupos neonazistas que tentam a pureza cultural da Europa germânica. Em vários países ela atua com violência junto a outros grupos de skinheads, e no Brasil já foram identificadas novas células que creem nesta pureza e tentam praticá-la em uma nação fundamentada na mistura dos elementos negro, ameríndio e europeu; ou seja, uma situação impossível de ser aplicada. Resta a nós refletirmos sobre essas histórias do passado para que elas não morram, pois estaremos condenados a repeti-las.




Texto adaptado do site “Fato e Fofoca”, postado por Orlando Castor.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O capita Karl Marx

                                
                                  RESENHA DO LIVRO O CAPITAL DE KARL MARX 

                                                                        1º Parte




     Marx, é um excelente escritor no inicio o livro parece ser um pouco complicado, logo de inicio temos o tema mercadoria, um tanto difícil, mas logo depois temos a explicação de sua teoria sobre a mais valia, que é muito interessante.  

     A parte sobre a jornada de trabalho é a mais forte e sombria da obra, pela denúncia das jornadas de trabalho que beiravam à escravidão e da utilização do trabalho infantil. Pelos exemplos citados, vemos a situação terrível da classe trabalhadora na Inglaterra do século XIX.

    Marx sabe usar a ironia e ser sarcástico no momento certo. O livro contém inúmeras citações da David Ricardo, Shakespeare, Dante, Aristóteles e, principalmente, dos livros azuis ingleses que ele cita freqüentemente.

     Marx discute uma questão que poucos filósofos prestaram atenção durante a história da filosofia: como é formado o valor da mercadoria e do dinheiro. O filósofo alemão escreve com mão firme sobre um tema difícil, mas apaixonante. A base do pensamento de Marx é a dialética de Hegel, e a filosofia proposta por Marx é o materialismo histórico, que, em minha opinião, é uma filosofia com muito pouco apelo intelectual.

     Os diversos capítulos desse primeiro volume tentam estabelecer o valor do capital e a “metafísica” das mercadorias, que como Marx percebeu, possuem características e medidas de valores que não podem ser explicadas apenas racionalmente. O valor do uso e de troca das mercadorias são explicados por Marx com grande erudição. O filósofo foi muito influenciado por antigos pensadores da Grécia e por economistas ingleses.       
                                        
     Aristóteles é a grande referência quando se trata de filosofia. Marx não respeitava o idealismo platônico por ele achar que ele se adequava mais à especulação burguesa.
Em economia, Marx gostava muito de David Ricardo, e o cita freqüentemente. Mas a maior referência mesmo para os estudos de Marx são mesmo os livros azuis ingleses, que são a base para o filósofo criticar a situação do capitalismo inglês e as condições do proletariado desse país no século XIX.

    Será que Marx foi convincente em sua tentativa de compreender e explicar como funciona o mundo do capital? Essa é uma questão que sempre provocou polêmica. Muitos acusaram Marx de ter adulterado os dados dos livros azuis para legitimar a sua tese de que o capitalismo levava a maioria à miséria.

     O capitalismo e algumas de suas maiores falhas foram expostos como em nenhuma outra obra como O Capital. Tudo parece muito sinistro nas fábricas inglesas do século XIX. Homens, mulheres e crianças eram exploradas até a exaustão. Não há dúvida de que a denúncia de Marx ajudou ao capitalismo a se reformar e a abandonar certas práticas.

     Não esperem do livro o capital a discussão sobre questões metafísicas e de ontologia. O Capital está mais para um livro de sociologia. Para quem realmente quer ter conhecimento de filosofia, sociologia, economia e história, O Capital é um dos livros mais completos e apaixonantes da história. A influência do livro foi imensa, de forma destacada na Rússia, mas também nos partidos socialistas e de esquerda nos países do ocidente.

     A pergunta principal de quem lê esse livro é saber se Marx acreditava verdadeiramente que o capitalismo estava já em decadência, e o socialismo pronto para ser estabelecido nos países avançados. Marx acreditava, sim, que o capitalismo foi revolucionário por ter destruído o feudalismo e criado uma sociedade em que o dinheiro e o trabalho se tornaram fundamentais para definir os valores das pessoas. Sobre a questão do socialismo, quem espera alguma definição de Marx sobre isso, ou sobre a revolução, irá se decepcionar, pois essas coisas não são abordadas no livro.

      O estilo de Marx é agradável e seguro. O tema é realmente complexo, mas o livro é fundamental para quem é estudante de filosofia. Realmente é um livro excelente, que mistura filosofia, política e economia.



Resenha do site, filosofia, história e política de Felipe Pimenta.