Pesquise um assunto

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Racismo, projeto escolar

                                                      RACISMO, Atividade escolar.



       A escola tem o papel de formar o aluno para o exercício de cidadania, do trabalho e continuar aprendendo ao longo da vida. Esta é a orientação da Lei de Diretrizes de Bases e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino no Brasil. Ampliar a cidadania é um dos objetivos principais que devem orientar o trabalho pedagógico, e por causa disso, a escola tem que buscar o desenvolvimento de competência e habilidades que permitam compreender a sociedade que vivemos. Mas esta sociedade deve ser entendida como uma produção “dinâmica” dos seres humanos, um processo permanente de construção e reconstrução. O entendimento deste desenvolvimento da cidadania também significa a capacitação para saber avaliar o sentido do mundo em que se vivem os processos sociais e o papel de cada um nesses processos.
       Portanto o papel da escola é buscar meios através de bibliografia sobre as questões étnicas e raciais, eleger o tema para discussão em grupo de estudos e fomentar a criação de cursos para que os professores, técnicos, alunos, ou melhor, a comunidade escolar como um todo, possa se aprofundar nas causas e consequências da dispersão dos africanos pelo mundo e abordar a História da África antes da escravidão. Enfocando as contribuições dos afro-descendentes para o desenvolvimento da humanidade. A questão racial é assunto de todos e deve ser conduzida para a reeducação das relações entre descendentes de africanos, de europeus e de outros povos. Só assim haverá o reconhecimento da existência, da necessidade de valorização e do respeito ao afro-descendente e a sua cultura dentro da escola.
        Toda Sociedade é construída a partir de suas heranças culturais, fatos que moldam e constroem valores, símbolos e significados. Não sendo diferente a nossa sociedade foi construída em cima de alicerces e pilares racistas e preconceituosos, tornando-se evidente tal preconceito logo após a abolição da escravatura no Brasil, onde ex-escravos ou afro-descendentes foram deixados a sua própria sorte. Segundo Florestan Fernandes em sua pesquisa realizada em 1951, logo os Afro-descendentes e ex-escravos entenderam que a sua ascensão social somente seria possível através da educação.
          Surge então mais um obstáculo para os Afro-descendentes o preconceito e o racismo dentro das escolas, que na sua grande maioria mantém-se neutra sobre o assunto, ou finge que no seu estabelecimento não acontece, com isso reproduzindo práticas que são o           reflexo de nossa herança cultural.
          Na escola onde sou docente se limita apenas a cumprir a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, tornando obrigatório o ensino sobre História e Cultura Africanas e Afro-brasileiras nos estabelecimentos de educação Básica, oficiais e particulares.
           Cabendo aos professores das disciplinas de História e de Geografia trabalharem o tema, porém sabemos que muitos professores não têm a oportunidade de fazer um curso de qualificação voltado para relação étnico-racial, por esse motivo os mesmos deixam a desejar quando se trata da temática em questão, e muitas vezes, por falta de preparo ou por preconceitos introjetados, alguns professores não sabem se aproveitar das situações flagrantes de discriminação racial na escola. Há momentos pedagógicos privilegiados para discutir a diversidade e conscientizar alunos sobre sua importância e riqueza, onde o objetivo de todos é dar sua contribuição e ajudar nesse processo transformador tão necessário e urgente.
         Num primeiro momento o interessante seria lançar um projeto: Respeito à diversidade na escola. Que funcionaria da seguinte forma:
Objetivos.

- Geral Estimular intervenções individuais e coletivas contra atitudes preconceituosas.
- Para a equipe diretiva e a coordenação pedagógica Criar condições necessárias para que as ações sejam realizadas.
- Para os professores Definir conteúdos, atividades e abordagens metodológicas que tratem a cultura negra de modo transdisciplinar.
- Para os alunos Compreender a diversidade étnico-racial e respeitá-la.
- Para os funcionários Participar de ações educativas que visam melhorar o comportamento de todos com relação à diversidade.
- Para os pais Colaborar com as ações propostas pela escola e, assim, desenvolver atitudes de respeito à diversidade étnica e racial.

Conteúdos de Gestão Escolar
- Administrativo Levantamento dos perfis dos alunos, elaboração de questionários, tabulação dos dados e organização de atividades.
- Comunidade Estímulo à reflexão sobre o tema.
- Aprendizagem Estudo da cultura afro brasileira e das semelhanças e diferenças entre grupos étnicos existentes na escola. Elaboração de estratégias de combate à discriminação para a formação continuada dos professores.

Tempo estimado
Um ano.

Material necessário
Livros didáticos e de literatura, filmes, murais, sequências didáticas, caderno de anotações compartilhado entre todos, questionários de diagnóstico, acompanhamento e avaliação.

Desenvolvimento
1ª etapa Diagnóstico
Com base nas fichas de matrícula dos alunos e entrevistas iniciais feitas com os pais, prepare um levantamento do perfil dos alunos da escola. Reserve um horário de formação para apresentar aos professores esse material e leve também os relatos das atitudes preconceituosas observadas na escola sem dar nomes nem fazer julgamentos. Peça que todos respondam a um questionário com perguntas sobre a cultura negra e o modo como o racismo se manifesta. Todas as informações devem ser tabuladas e servirão de base para o planejamento pedagógico.

2ª etapa Participação dos funcionários 
Todos devem ser envolvidos no projeto desde o início. Marque uma reunião com os funcionários do serviço de apoio para falar sobre o trabalho que será desenvolvido na escola. Afirme que a participação deles é fundamental para que a escola se torne um lugar de respeito à diversidade. Peça que os diferentes grupos de funcionários escolham uma maneira de participar e elaborem uma ação pontual sobre o tema. No CMEB Mário Leal Silva, cada grupo ganhou um mural para desenvolver o trabalho. As merendeiras, por exemplo, preencheram o espaço com receitas africanas que passaram a preparar na cantina.

3ª etapa Envolvimento dos pais
As perguntas a respeito do racismo na escola devem ser feitas também aos pais para que eles relatem situações nas quais eles ou os filhos vivenciaram situações discriminatórias. Mande um questionário para que eles respondam em casa. Tabule os resultados e exponha-os em uma reunião do Conselho Escolar, onde todos podem debater o assunto e pensar em maneiras de evitar que atitudes preconceituosas voltem a ocorrer. Pelo menos duas vezes ao ano, promova um encontro de pais e peça que cada um traga elementos de sua cultura (como objetos de artesanato) para que sejam compartilhados com o grupo. Discuta a responsabilidade que todos têm na manutenção de um convívio sem preconceitos e exponha as ações que a escola desenvolve contra a discriminação.

4ª etapa Encontros de estudo
Com a análise dos diversos questionários que foram feitos, agende reuniões com a equipe pedagógica para discutir um plano de trabalho e elaborar propostas. No início, apresente um trecho de um filme que tenha alguma situação de preconceito. No CMEB Mário Leal Silva, a diretora, Mônica Louvem, apresentou O Triunfo, que trata da hostilização contra alunos pobres e negros e das ações de um professor para mudar isso. Debata as soluções encontradas pelo personagem. O objetivo é fazer com que o grupo formule sugestões para serem colocadas em prática. Devem surgir algumas ideias, como eleger um dia da semana para o estudo de diferentes culturas - africana, européia, oriental ou indígena - ou ainda promover momentos de leitura em conjunto com alunos e funcionários para a compreensão da diversidade étnica.

5ª etapa Definição de conteúdos disciplinares
Sob a orientação do coordenador pedagógico, os professores devem introduzir conteúdos ligados à cultura africana no planejamento das aulas, como a leitura de textos e a análise de pinturas e desenhos e a posterior produção (que pode ser exposta nos murais da escola). Outra sugestão é oferecer atividades pedagógicas no contraturno.

6ª etapa Documentação e acompanhamento 
A equipe de gestão deve acompanhar de perto as atividades. Ao longo do projeto, os relatos de pais, funcionários e professores devem ser registrados em um caderno de anotações que será compartilhado entre todos. Os alunos podem documentar as medidas que consideram importantes para combater o preconceito. Sempre que houver manifestações de racismo, é importante fazer uma reunião com os envolvidos - sejam eles professores, pais, funcionários ou alunos. O diálogo entre as partes, com intermediação de uma terceira pessoa, é a melhor solução para os problemas de discriminação.

Avaliação
As atitudes preconceituosas devem diminuir na escola. Ao fim de um período, toda a comunidade pode responder a um novo questionário: que contribuições o projeto está trazendo para o trabalho e o cotidiano? Que mudanças foram observadas? Quais atividades você considera de maior relevância? As respostas servirão de orientação para novas práticas.
           Atividades como gincanas, filmes documentários, leituras dinâmicas e até mesmo feiras poderiam ser realizadas na escola gradativamente no período anual, pois o preconceito surge de duas formas diferentes ou por herança ou por medo do desconhecido, cabe ao papel da escola desconstruir esta herança negativa de ódio, racismo e preconceito, para tanto nada melhor do que mostrar e ensinar aos alunos nossas verdadeiras origens, a contribuição da população africana na construção de nosso país e na formação de nossa composição étnico-racial, através da miscigenação de raças e sua contribuição no campo religioso, atualmente tão difundidas e que fazem parte do nosso cotidiano.
          Acredito que tais medidas ajudariam a combater o racismo e iriam contribuir na promoção da diversidade cultural em nossas escolas.


                                                                                                    Cristiano kaller e Simone kaller.

Nenhum comentário:

Postar um comentário